A demodicose, ou demodiciose, também conhecida como “sarna negra”, é uma doença causada por um ácaro natural da pele do cão, chamado Demodex canis. Enquanto a maioria dos cães passa a vida toda sem qualquer “embate” com este ácaro, alguns acabam manifestando sinais da doença.
A demodicose típica inicialmente se manifesta na forma de pequenas falhas de pêlos, que ficam com aparência de “roído de rato”. O cão não se coça, e não transmite a doença a outros cães ou humanos. Ainda que o ácaro em si seja pouco agressivo, se o cão não for tratado logo, a pele sensibilizada pela ação do ácaro começa a infeccionar e as áreas sem pêlos começam a se expandir, podendo deixar o animal completamente careca! A infecção secundária por bactérias causa coceira e pode causar danos permanentes aos folículos pilosos (ou seja: as falhas de pêlos podem se tornar permanentes). Em casos mais graves, a infecção chega a ser tão profunda que atinge a corrente sanguínea, causando septicemia e até mesmo a morte.
Quem pega?
A demodicose é uma doença bem conhecida entre os criadores de pit bulls, dálmatas, boxers, entre outras raças. A forma mais comum é a juvenil, que aparece em cães geneticamente predispostos. Estes animais já nascem com um tipo de imunodeficiência específica, que os torna sensíveis a um ácaro que, de outra forma, seria inofensivo. Os cães predispostos apresentam a doença ainda filhotes, na forma localizada (mais comumente nas patas, ou no focinho) ou generalizada (no corpo todo). Após atingirem a idade adulta, alguns destes cães continuam tendo crises esporádicas da doença, enquanto outros tornam-se resistentes. Esta doença não é contagiosa, mas também não tem cura.
O problema maior ocorre quando os nossos velhinhos são afetados, pela primeira vez na vida. Isto é: estamos falando de cães que não apresentaram a forma juvenil da doença, mas que passam a apresentá-la em idade avançada. Estes animais não são geneticamente predispostos ao problema, o que significa que podem ser de qualquer raça, e sem histórico familiar da doença. Quando estes cães são afetados, a investigação do médico veterinário deve ir muito além da pele. Por quê? vamos nos lembrar, antes de mais nada, que o Demodex canis é um ácaro que faz parte da microbiota natural da pele do cão, e usualmente inofensivo. Desta forma, para que ele comece a causar problemas em um cão que não seja geneticamente predisposto, a saúde do cão já deve estar bastante debilitada.
O diagnóstico da demodicose em um cão idoso que não apresentou a forma juvenil da doença deve ser considerado um alerta. Se não imediatamente, dentro de poucos meses costumam ser detectadas doenças mais graves e debilitantes, como por exemplo o câncer.
O meu cão tem?
Para saber se um cão tem ou não demodicose, só mesmo fazendo exames. Não é possível diagnosticar esta doença “no olho”, ainda que seja possível ter uma forte suspeita de que seja este o problema. O exame mais comum, e que é bastante eficiente, é o raspado de pele. Este exame pode ser feito no próprio consultório do veterinário e, se ele tiver o equipamento necessário, poderá dar o diagnóstico na hora. Em alguns casos, o raspado de pele pode não bastar, e então, pode-se optar pela biopsia.
Tem cura?
A forma juvenil da demodicose não tem cura (já que a causa é genética), mas é possível tratar e controlar. Os ácaros permanecem a vida toda na pele do cão, e apenas causarão problemas se ele tiver uma queda de imunidade. Cuidados com higiene e boa alimentação ajudam a manter o cão saudável e sem crises. Se o cão entrar em crise, é preciso utilizar medicações específicas por via oral ou injetável, dar banhos medicamentosos, e até mesmo usar antibióticos. Além disso, atualmente já existem produtos para uso contínuo, como coleiras específicas contra a demodicose, que podem ser usadas para ajudar a prevenir novas crises.
Nos velhinhos, a cura é possível, desde que possa ser removida a causa primária – ou seja, a doença debilitante que fez com que a imunidade do cão ficasse tão baixa a ponto de torná-lo sensível ao Demodex canis. O tratamento da pele é basicamente o mesmo que o utilizado nos cães jovens, mas deve ser associado ao tratamento da outra doença que estiver associada, caso esta já tenha sido diagnosticada.
Olá Dra. Bárbara.
Adoro seu blog!
Gostaria que fosse abordado quando o problema de pele é em virtude hormonal e quais as opções de tratamento além de hormônios sintéticos.
Abraços da leitura assídua!!
Olá, Raquel! Muito obrigada pelos elogios e pela sugestão 😉
Está anotado!
Abraços! =)
Adorei o formato de vídeo. Mais um item para meu conhecimento. Obrigada por todas as informações do seu blog.
Beijos mil.
Muito obrigada pelos elogios, fico feliz em ajudar!
Bjos!