Quando um cão tem uma doença crônica e incurável, começamos a nos questionar sobre a qualidade e o tempo de vida dele. Nos perguntamos, inclusive, se “vale a pena tratar” a doença que lhe aflige. E esse “vale a pena tratar” não é apenas uma questão financeira. O custo financeiro pode até ser um fator a ser considerado, mas não é o único.
Os custos de um tratamento
Além do dinheiro em si, existem outros custos a serem considerados – especialmente quando o tratamento requerido pelo animal é muito agressivo, e não há garantia de resultados. O custo emocional do tratamento pode ser alto. O custo para o bem-estar do animal pode ser alto, se ele tiver reações adversas aos medicamentos, ou se o próprio ato de medicar for muito estressante para ele. E precisamos ainda considerar o custo para a própria vida do cão: se o tratamento incluir uma cirurgia, ou alguma medicação muito agressiva, ele irá suportar? ele sobreviverá? isso vai realmente ajudar, ou apenas prolongar seu sofrimento?
As dúvidas são infinitas. Um tutor que ama o seu cão não quer deixá-lo sem tratamento, e, sem dúvida alguma, não quer vê-lo sofrer… mas o que fazer quando o custo do tratamento é alto demais? E a resposta pode estar nos cuidados paliativos.
O que são cuidados paliativos?
Os cuidados paliativos são cuidados feitos não com o objetivo de se curar uma doença, mas de amenizar os seus sintomas e, assim, dar uma melhor qualidade de vida a um paciente terminal. O principal foco está no alívio da dor, na manutenção do apetite e conformação corporal (para que não perca muito peso), e redução de outros fatores que possam afetar a qualidade de vida – como vômitos e/ou diarreia recorrentes, incontinência urinária e/ou fecal, etc. Desta forma, procura-se oferecer a melhor qualidade de vida possível ao cão pelo tempo que lhe restar. Estes cuidados podem ser mantidos até que o cão tenha uma morte natural ou seja encaminhado para a eutanásia.
Como prestar cuidados paliativos?
Para que o seu cão comece a receber cuidados paliativos, é preciso, primeiramente, falar com o seu médico veterinário. Nem todos os profissionais se sentem confortáveis com este conceito. Por isso, caso o seu veterinário não se mostre disposto a adotar os cuidados paliativos, pode ser o caso de procurar outro profissional para ajudá-lo.
O médico veterinário criará um plano de cuidados para o cão, levando em conta todas as suas afecções e desconfortos. É claro que ele fará o possível para que nenhuma doença se agrave, mas lembre-se: a intenção deste tipo de tratamento não é a cura. É a qualidade de vida.
Parte do plano deve incluir a orientação ao tutor, para que ele aprenda a identificar sinais de dor, desidratação, dificuldade respiratória, e emergências. Para cada sinal identificado, o tutor será orientado também quanto à melhor forma de agir: deve dar algum medicamento? Ligar para o veterinário? Levar a uma clínica 24 horas?
A outra parte do plano serão os cuidados em si. Veja cinco cuidados que você pode aplicar em casa para dar melhor qualidade de vida ao seu cãozinho (mesmo que ele não seja terminal):
1. Alívio da dor
O manejo da dor deve incluir o uso de medicamentos, mas não só isso. A associação de outras terapias, como acupuntura, fisioterapia, massagens, aplicação de calor, entre outras, pode ser extremamente benéfico. Você não precisa necessariamente usar todos os métodos, mas associar medicamentos a pelo menos mais uma terapia já pode dar resultados surpreendentes.
2. Alimentação
Estar bem nutrido é uma parte fundamental do bem-estar de qualquer animal, e fundamental para que ele consiga se recuperar ou se manter estável pelo maior tempo possível. A caquexia (emagrecimento excessivo – saiba mais aqui) está diretamente ligada à menor qualidade de vida e ao menor tempo de sobrevida.
Alimente o seu cão com uma dieta apropriada para as doenças de que ele sofra (certas doenças requerem adaptações à dieta, como diabetes, insuficiência renal ou cardíaca, etc.), mas não seja radical. É melhor que o cão coma um alimento que talvez não seja o mais apropriado, do que ficar sem comer.
Se possível, opte por uma dieta caseira, devidamente orientada por um nutricionista veterinário. As dietas caseiras são mais atrativas para o cão, e o profissional que prescrever o cardápio tomará o cuidado de calcular as quantidades necessárias de cada ingrediente para que todas as necessidades do cão sejam supridas, respeitando as suas limitações e eventuais doenças.
3. Facilite a mobilidade do seu cão
Se o seu cão sente dor ou tem dificuldade para caminhar, ou, ainda, se ele simplesmente não consegue mais andar, você pode ajudá-lo. Alguns cuidados incluem usar uma cera antiderrapante no chão (caso o seu piso seja liso), colocar rampas sobre degraus, e até mesmo mantê-lo num peso adequado, caso ele esteja obeso. Veja mais dicas para cuidar de cães com dificuldade para caminhar aqui, ou para cães que não andam aqui.
4. Higiene
Ninguém consegue ter qualidade de vida ou dignidade se estiver sujo de fezes e/ou urina. Se o seu cão sofre com incontinência urinária e/ou fecal, fraldas podem ser uma opção para minimizar o problema. Se for apenas incontinência urinária, conforme o caso, o cão pode não precisar de fraldas, mas é interessante forrar a caminha dele com um tapete higiênico que possa ser facilmente trocado sempre que necessário. Não esqueça de limpar o próprio cão sempre que ele estiver sujo de fezes e urina. Isso é importante para que ele se sinta melhor, e para evitar infecções de pele.
5. Amor e carinho
Agora, mais do que nunca, o seu cão precisa de amor, carinho e compreensão. Dedique a ele pelo menos alguns minutos do seu dia, todos os dias. Você pode fazer carinho, brincar, levar para passear, e até mesmo dar alguns petiscos (cuidado ao escolher o petisco, caso o seu cão esteja acima do peso ou tenha alguma restrição alimentar). Crie boas memórias, transmita a ele boas energias. Uma atitude positiva do tutor certamente ajudará a levantar o ânimo do peludo, e, consequentemente, a sua qualidade de vida.
Ter um relacionamento alegre com o seu cão na fase final da sua vida também pode ajudá-lo a processar o luto mais tarde. Será bem melhor ter lembranças alegres e divertidas, ou, no mínimo, confortáveis (uma tarde vendo um filminho com o peludo no colo), do que sentir a dor e o arrependimento de não ter dado ao cão a atenção necessária.
Boa tarde Dra. tenho uma cadelinha de 8 anos. Ffoi localizado um nódulo na ultima mama esquerda com aproximadamente 0,5 cm.
Foi realizada a cirurgia de retirada do nódulo e a castração.
Na biopsia do nódulo saiu o seguinte resultado:
Macroscopia: Fragmento tecidual nodular parcialmente revestido por pele esbranquiçada, medindo 7 x 3 x 5 mm. Ao corte exibe consistência levemente firme, aspecto regular compacto e colocação esbranquiçada.
Microscopia: Tecido mamário envolto por pele e exibindo transformação neoplástica nodular, expansiva, muito infiltrativa, moderadamente bem delimitada e parcialmente revestida por cápsula fibrosa. As células tumorais são poliédricas e propagam-se de maneira desordenada formando pequenos blocos compactos e estruturas glandulares tubulares irregulares. Elas exibem anisocariose, anisocitose, atipia nuclear leve e nucléolos evidentes. Observa-se desmoplasia intensa e área central extensa de necrose tumoral, alem de infiltração da capsula fibrosa pelas células tumorais. O índice mitótico é de 2 f.m/10 campos de 40x. O tecido mamário peritumoral exibe hiperplasia leve.
Diagnostico ou Conclusões:
Carcinoma Mamario Tubular – Grau 1 (Cassali, G.D 2014).
A médica dela informou que não era necessário a intervenção com quimioterapia e recomendou a retirada da cadeia mamaria. Pedindo também a realização de exame de raio-x.
Como na minha cidade não possui aparelho de raio-x, tive que esperar um feriado para poder leva-la para realizar o exame.
Neste intervalo de 15 dias, surgiu uma veia muito aumentada abaixo da segunda mama dela, do lado oposto ao do aparecimento do nódulo.
A veterinária dela estava em viajem mais sugeriu que fosse realizado uma cirurgia de emerícia para a retirada mamaria do lado oposto ao do aparecimento do nódulo por conta da veia.
Fui visitar a veterinária substituta onde foi realizado um ultrassom para verificar a veia saltada, onde esta estava correndo sangue normalmente. A dra. substituta informou que não achava necessário a realização de retirada mamaria por conta da veia, que era melhor da prioridade ao lado onde foi encontrado o nódulo.
Ocorre que, no resultado no ultrassom foi observado que:
Impressão Ultrassonográfica
Fígado:
Dimensões preservadas; contorno regularr; parênquima heterogêneo; normoecogênico.
Vasos e ductos preservados; parede regular; normoecogênicas.
Vesícula biliar:
Formato anatômico preservado; contorno regular; parede regular; conteúdo anecogênico
com presença de sedimento e lama biliar.
Baço:
Discreta esplenomegalia; contorno regular; parênquima heterogêneo; normoecogênico;
vasos lienais preservados.
Trato gastrintestinal:
Camadas da parede anatomicamente preservadas; normoecogênicas; presença de
conteúdo alimentar e gás; movimento peristáltico preservado.
Como pode ser observado o baço dela esta um pouco aumentado. A veterinária informou que seria decorrente da idade, não sendo necessário introduzir medicamentos.
Foi realizado novos exames de sangue, além dos realizados antes da cirurgia, e todos estavam ótimos, não apresentando nenhuma alteração, não foi realizado exame de calazar, pelo motivo de todos os outros estarem ótimos.
Com o tempo a veia desinchou, ainda é visível, mas esta bem mais discreta. No entanto, as veterinárias não souberam informar qual o motivo para a veia ter saltado.
Na sequencia levei ela para realizar o raio x, e o resultado foi o seguinte:
Região de interesse: Tórax
Posicionamento: LL e VD
Achados radiográficos:
• Traqueia: diâmetro constante em toda sua extensão.
• Campos Pulmonares: visibiliza-se o aumento de densidade das paredes brônquicas, em toda área pulmonar;
Visibilização dos vasos pulmonares com aumento de calibre em distribuição normal, não apresentando sinais de
nódulos ou massas pulmonares.
• Silhueta Cardíaca: VD e LL –aproximação da silhueta cardíaca à parede torácica no lado direito do coração.
• Comentários:
As imagens radiográficas estudadas sugerem a ocorrência de Bronquite ou senilidade (padrão pulmonar brônquico
evidenciado). As imagens radiográficas também indicam a ocorrência de aumento discreto do lado ventrículo direito do
coração, no entanto sem cardiomegalia (VHS < 10,5).
*Com relação a bronquite a veterinária informou que poderia ser por causa da intubação da cirurgia anterior, já que ela não apresentada nenhum sintoma, e eu mora em uma lugar bem quente.
*Com relação ao coração ela também disse que não havia a necessidade de medicamentos por ser moderado, mas não disse qual o suposto motivo.
• Impressão Diagnóstica:
Região de interesse: Abdômen
Posicionamento: LL e VD do abdômen
Achados radiográficos:
• Silhueta esplênica significativamente aumentada de tamanho, ocupando os quadrantes abdominais cranial
esquerdo, médio esquerdo e caudal esquerdo.
• As demais estruturas visibilizadas na imagem radiográfica apresentam morfologia e localização habituais.
• É visibilizada uma discreta quantidade de gás nas alças intestinais de jejuno e cólon.
• Comentários:
As imagens estudadas sugerem a ocorrência de esplenomegalia moderada.
*No raio x foi possível observar novamente acerca do aumento do baço.
Vamos realizar nova cirurgia para a realização da retirada da cadeia mamaria do lado onde foi diagnosticado o nódulo e realizar exame de raio x de 4 em 4 meses para observar o câncer e o baço e coração.
Eu estou com algumas duvidas e gostaria de uma segunda opinião.
Com relação ao baço e ao coração, a dra acha que só o monitoramento é o suficiente por enquanto? ou é necessário outros cuidados como medicamentos e alteração da alimentação, ela esta totalmente proibida de comer petisco ou deve consumir alguma ração especial?? acha necessário realizar exame especifico de calazar mesmo com os outros exames estão bons??
Com relação a veia saltada, a dra. já ouvir falar de algum caso parecido? poderia imaginar algum motivo para o surgimento??
Apos a realização da cirurgia de retirada da cadeia mamaria do lado do nódulo, você também realizaria a retirada da cadeia do lado oposto? ou não vê necessidade?
Ficarei muito agradecida caso a dra. possa responder meus questionamentos. Parabens pelo seu trabalho, achei muito fofo o blog, e vê quantas pessoas estão com seus filhos caninos vivendo bastante e chegando na melhor idade!
Obrigada!
Beijos
obs: Ela esta super ativa, não passou mal em nenhum momento, e teve uma recuperação pós cirúrgica otima!