Quando os nossos cães são jovens e saudáveis, parece que temos todo o tempo do mundo para ficar com eles. Mas, como sempre acontece, o tempo nos alcança e, eventualmente, o “final da música” começa a tocar. Para muitos de nós, os animais de companhia fazem tanta parte de nossas vidas que o seu declínio e morte nos afeta da mesma forma que ocorre quando perdemos membros humanos de nossas famílias.
Entretanto, as arrasadoras palavras “não há nada mais a ser feito” não significam que a eutanásia é a única opção. À medida que os cães (vamos focar nos cães, mas o mesmo conceito se aplica a outros animais de companhia) se aproximam dos estágios finais de suas vidas, eles podem se beneficiar de cuidados paliativos, e os seus humanos também.
Assim como para humanos, os cuidados paliativos para animais existem para prover suporte e cuidado durante a última fase de uma doença incurável, ou no fim natural da vida; o seu principal objetivo é controlar a dor. Desta forma, os cuidados paliativos são voltados à manutenção do conforto e à assegurar a melhor qualidade de vida possível durante um período que pode ser medido em meses, semanas, ou mesmo dias. Ele é focado em criar uma experiência de final de vida segura, amorosa e íntima, num ambiente familiar.
Esta abordagem também nos dá tempo para planejar, chorar o luto, e nos despedir dos nossos cães. E – talvez o mais importante de tudo – é uma forma de permitir que os nossos melhores amigos passem os seus últimos dias em casa ao invés de num hospital. Este intervalo pode ser inestimável, pois nos ajuda a compreender a condição do cão, e a nos despedir à nossa própria maneira.
Apesar de extremamente gratificante, os cuidados paliativos requerem preparo e esforço. O primeiro passo é entrar em contato com um médico veterinário que se sinta confortável com o conceito (nem todos são). Ele ou ela irá guiá-lo quanto à menor forma de atender às necessidades do seu cão, e irá criar um plano que deverá ser executado em casa: a administração de medicamentos, o suporte nutricional, a identificação da dor, implementação de cuidados adequados e a compreensão do estado geral emocional e físico do cão. Se você não se sente à vontade com alguma destas responsabilidades, você pode contratar um assistente ou enfermeiro veterinário para ajudá-lo.
Como já foi dito, um dos mais importantes aspectos dos cuidados paliativos é o controle da dor. Como é mais fácil prevenir do que retirar a dor, uma abordagem multimodal – na qual são aplicados diversos métodos, incluindo diferentes classes de medicamentos analgésicos, suplementos naturais, massagem e acupuntura, entre outros – geralmente resulta num melhor controle. Parte deste protocolo envolve monitorar o comportamento e estado físico do cão, já que a agitação e vocalização (choros, uivos) podem ser sinais de dor.
Ao prover cuidados paliativos, você passa a ser os olhos e ouvidos da equipe veterinária, observando mudanças no peso, temperatura, hábitos alimentares, mobilidade do cão e outros parâmetros, e reportando ao médico veterinário, para que eventuais ajustes no plano de cuidado possam ser providenciados a tempo.
Quando se trata do final da vida, nos confrontamos com a difícil decisão de permitir uma morte natural, ou intervir com a eutanásia; para alguns, a morte natural é preferível à eutanásia desde que não haja sofrimento. A decisão quanto a se e quando se fazer a eutanásia é tão individual e particular quanto você e seu cão, e é importante ter em mente que ninguém conhece o seu cão melhor do que você. Você passou toda a vida do seu cão aprendendo a se comunicar com ele, lendo a sua linguagem corporal e formando uma ligação única. Faça o que o seu cão parecer estar lhe pedindo, e, acima de tudo, confie no seu coração.
Identificar o ponto a partir do qual a qualidade de vida do seu cão declinou irrevogavelmente requer coragem e sacrifício, e muitas pessoas temem não serem capazes de reconhecer quando for a hora. Procure orientação no processo da decisão com familiares e amigos, assim como com o seu veterinário, todos aqueles que têm alguma ligação com o seu cão. Você precisará do apoio daqueles que realmente compreendem.
Após meses (ou mais) de cuidados com um cão cuja saúde vem declinando, pode se tornar difícil decidir se o fim já chegou, e por isso pode ser útil já determinar, antes que isso aconteça, em qual ponto você acredita que a qualidade de vida do seu cão não é mais aceitável. Isso pode ser quando ele ou ela deixa de ver graça em se alimentar, não interage mais, não pode mais se manter em pé ou caminhar, ou quando a dor se tornar muito difícil de controlar. Também é bom considerar dias bons versus dias ruins; mais dias ruins do que dias bons é um outro indicativo de que o momento está chegando. Ao estabelecer estes critérios com antecedência, você estará melhor preparado para fazer a decisão correta, já que a emoção pode nos impedir de enxergar com clareza durante os difíceis dias do final da vida do seu cão.
Os cuidados paliativos podem ser uma opção maravilhosa de cuidado. Seja como for que você optar por passar por esta fase, é bom saber que esta alternativa existe. Independentemente da opção pela morte natural ou pela eutanásia, os cuidados paliativos não apenas permitem que os nossos cães vivam os finais de suas vidas da melhor maneira possível, como também os deixa embarcar em sua jornada final com dignidade enquanto cercados do amor e do conforto do seu ambiente familiar. Os cuidados paliativos são realmente uma dádiva, tanto para os nossos cães quanto para nós mesmos
Tradução livre de Pets Referral Center – “The Gift of Good Bye“, por Shea Cox. Acesso em 19/06/2015.
Dra. Bárbara
Estou muito angustiada pois meu poodle Totti está com neoplasia prostática e já atingiu o baço. Fiz 2 ultrasons um em fevereiro e outro em agosto
A coluna dele está muito torta e acho que se mexer sente dores ele perdeu bastante peso.
Está comendo bebendo água fazendo pipi e cocô não com muita intensidade. Mas de alguns dias pra cá perdeu a força nas perninhas traseiras e se arrasta pela casa. Perdeu totalmente a musculatura nas pernas. Não parece sentir dor mas fico aflita pois sinto que o momento dele descansar está chegando. Gostaria que a natureza se encarregasse. Acho que ele não tem mais qualidade de vida. Dorme muito. Limpo ele da melhor maneira possível para ficar confortável mas não consigo dar banho. Aí ele grita e quer morder. Já havia escrito anteriormente mas agora cada dia está pior e fico com remorso de pensar em antecipar o descanso dele. Obrigado por me ler meu relato. Já conversei com ele e pedi ajuda a São Francisco de Assis que o melhor seja feito sem sofrimento pra ele!!
Olá, Lilian!
Sinto muito por essa difícil situação que está enfrentando… =(
Tenho alguns artigos que talvez possam ajudá-la a enfrentar esta fase difícil:
– https://www.meucaovelhinho.com.br/artigos/bem-estar-animal/cuidados-com-caes-que-nao-andam/
– https://www.meucaovelhinho.com.br/artigos/bem-estar-animal/cuidados-paliativos-para-caes/
– https://www.meucaovelhinho.com.br/artigos/bem-estar-animal/como-lidar-com-proximidade-da-morte-seu-cao/
– https://www.meucaovelhinho.com.br/artigos/bem-estar-animal/vida-e-os-dilemas-do-cuidador/
Um grande abraço no coração <3
Obrigado , estamos levando da melhor maneira. Li o artigo sobre a Tabata que tbm teve câncer!!! Temos que dar conforto , carinho até quando o “soninho” vier !!!