Você já parou para refletir sobre por que dá ração para idosos ao seu cãozinho? ou por que não dá? Uma pesquisa realizada nos EUA e mais seis países comparou as expectativas das pessoas com a composição nutricional das rações para cães idosos, e os resultados foram surpreendentes!
Um grupo de pesquisadores criou um questionário online com perguntas diversas, a fim de descobrir quantas pessoas consideravam importante dar ração de idoso para os seus cães, quantas de fato utilizavam este tipo de ração, e o porquê. O questionário foi respondido por 1.309 pessoas, sendo que a maioria (77,8%) tinha nível superior, e 9,8% eram médicos veterinários. Outros profissionais da área, tais como técnicos em veterinária (7,7%) e criadores (21,5%) também participaram da pesquisa.
Dentre as 698 pessoas que afirmaram possuir cães idosos, 299 (42,8%) disseram que davam ração especial para idosos aos seus animais, sendo que apenas 33,1% destes (ou seja: 99 dos 299) o faziam por recomendação veterinária. Apesar de que menos da metade dos tutores de fato oferecia ração para idosos aos seus cães velhinhos, a grande maioria (84,5%) afirmou que “os cães idosos têm necessidades nutricionais diferentes das dos adultos”.
E quais seriam estas diferenças? As principais seriam:
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Menos calorias;
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Menos sódio;
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Menos proteínas;
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Menos carboidratos;
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Mais fibras.
A maioria dos entrevistados também afirmou que os animais idosos deveriam receber algum tipo de suplementação, especialmente para as articulações, ácidos graxos e antioxidantes, seguidos por polivitamínicos e outros suplementos.
MAS ESTA É A OPINIÃO DO PÚBLICO EM GERAL. O QUE, DE FATO, DIFERENCIA AS RAÇÕES PARA IDOSOS?
Você ficaria surpreso ao saber que não há regulamentação para definir o que deve ou não compor uma ração para cães idosos. Tampouco existe um consenso entre os médicos veterinários em relação às necessidades “médias” de um cão idoso. E o resultado disso ficou bem claro nesta pesquisa: 37 marcas de ração foram analisadas, e observe as variações:
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O teor calórico das rações secas variou de 246 a 408 Kcal/porção;
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O teor calórico das rações úmidas variou de 312 a 411 Kcal/lata;
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Os níveis de proteína variaram de 4,8 a 13,1g/100 Kcal;
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Os teores de gordura variaram de 2,4 a 6.,3 g/100 Kcal;
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A quantidade de fibras encontradas ficou entre 0,2 e 2,9g/100 Kcal;
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O teor de sódio variou de 33 a 412mg/100 Kcal;
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O teor de fósforo variou de 134 a 412 mg/100 Kcal.
Todas as rações possuíam suplementos, entre eles os ácidos graxos, vitaminas, antioxidantes, e protetores articulares. A indicação das embalagens em relação à idade em que os cães deveriam ser considerados “idosos” variava entre 5 e 8 anos.
MAS DIANTE DE TODAS ESTAS VARIAÇÕES, QUAL SERIA A “MELHOR”?
O primeiro passo é definirmos: quando o cão se torna idoso? não há um consenso, pois diversos fatores devem ser considerados, tais como o tamanho, a raça, e até mesmo variações individuais. É fato que cães maiores envelhecem antes do que os menores, e, portanto, devem ser considerados idosos mais cedo, porém não há uma definição “oficial” de quais seriam as “faixas de peso” a serem consideradas, e com quantos anos cada uma delas entraria na “terceira idade”. Enquanto algumas embalagens de ração identificam como “idoso” o cão acima de 5 anos – o que pode ser verdade para alguns cães de raças gigantes -, há quem defina que cães pequenos (de até 10Kg) apenas se tornam idosos apenas aos 12 anos de idade. Com tanta variação na própria definição do que é um cão idoso, não é a toa que as necessidades nutricionais dos cães idosos permanecem nebulosas. E isso reflete na composição das rações.
Vejamos, então, alguns dos aspectos mais importantes de uma ração:
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Calorias – todas as rações pesquisadas possuíam menor concentração calórica do que as rações para adultos, e mesmo assim com uma variação de até 65% entre as marcas. Ou seja: se o alimento for escolhido sem critério, pode acabar sendo feita uma restrição calórica bem maior do que a recomendada para aquele animal. É certo que, com a idade e a “desaceleração” do metabolismo, muitos animais podem tender à obesidade, justificando o clamor geral de que cães idosos devem receber alimentos menos calóricos. Mas algumas doenças podem diminuir o apetite dos animais, e até mesmo aumentar o seu gasto calórico, de modo que, para estes cães, o mais recomendável seriam alimentos com maior concentração calórica.
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Proteínas – baixos teores de proteína são recomendáveis para cães com insuficiência renal, mas não trazem qualquer benefício a animais sadios. Por outro lado, cães com insuficiência cardíaca e outros problemas debilitantes podem ter uma necessidade maior de proteínas do que um adulto “médio”. Como vimos acima, os teores de proteína variam muito entre as rações para idosos, de modo que algumas possuem baixos teores, e outras possuem altos. Se o seu cão é nefropata, não “assuma” que qualquer ração para idosos é adequada para ele – pode ser preciso adotar uma dieta mais específica!
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Sódio – não há benefício em se reduzir o sódio da dieta de cães idosos saudáveis. Por outro lado, esta redução é necessária para os animais que têm problemas cardíacos, sendo recomendados teores de 17 a 50mg/100Kcal (a depender do grau da cardiopatia). Já vimos que as rações para idosos analisadas continham entre 33 e 412mg/100 Kcal – portanto, algumas podem ser apropriadas para cardiopatas, e outras, não.
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Fósforo – indicado em teores reduzidos (55 a 120mg/100 Kcal) para cães com problemas renais, o fósforo chega a ter uma variação de até 200% entre as diferentes formulações comerciais – e cabe a observação de que, entre as analisadas neste estudo, todas tinham teores superiores aos recomendados para pacientes renais.
Mencionamos aqui apenas alguns dos principais nutrientes a título de exemplo, para facilitar a compreensão do nosso leitor e alertá-lo para a importância de se selecionar o alimento correto para o seu cão.
ENTÃO, DEVO PARAR DE FORNECER RAÇÃO PARA IDOSOS AO MEU CÃO?
Não necessariamente: o nosso alerta aqui é no sentido de que, ao selecionar um alimento para o seu cão velhinho, não é “qualquer” ração de idosos que suprirá as necessidades dele – e isso vale até mesmo para rações premium e super premium! Como vimos, é preciso prestar atenção à composição das rações, pois o alimento que é “bom” para um cão pode não ser “bom” para outro.
As necessidades nutricionais dos velhinhos são diferentes das dos adultos, mas, mesmo entre os velhinhos, as necessidades podem variar bastante – e a composição das rações também!
Converse com o seu médico veterinário para saber qual é o alimento mais adequado para o SEU animal, considerando todas as suas particularidades: tamanho, idade, raça, sexo, nível de atividade, e eventuais doenças que ele possa ter. Pergunte, ainda, se é preciso suplementar (não dê suplementos por conta própria, pois alguns podem ser bem perigosos se o animal tiver determinadas doenças). Por fim, não deixe de ler as embalagens – elas contêm dados valiosos e podem ajudar um tutor bem informado a tomar a melhor decisão possível.
Nutrição é a base da saúde do seu cãozinho, escolha com carinho!
Leia o estudo (em inglês):